Alien 3 - Relembrando um clássico -Por Ítalo Morelli Júnior

Adoro este filme e vou defendê-lo #1

Alien 3

Hoje David Fincher é um diretor consagrado. São dele os já clássicos Se7en (1995), Vidas em Jogo (1997) e Clube da Luta (1999), porém sua estréia em longas metragem foi um grande desafio: dirigir a terceira parte de Alien, precedida dos também já clássicos Alien - O 8° Passageiro (1979) do diretor Ridley Scott e Aliens - O Resgate (1986) de James Cameron.
Irretocáveis, os dois filmes, juntamente com Blade Runner (1982), O Exterminador do Futuro (1984) e O Vingador do Futuro (1990) ajudaram a redifinir o gênero ficção científica na década de 80 e David Fincher aceitou a empreitada recusada por Terry Gilliam: comandar essa terceira parte com uma produção em andamento, um roteiro feito às pressas que era reescrito diariamente sobre uma das personagens mais queridas do cinema - a tenente Ellen Ripley.
Todos esses filmes citados fazem parte da formação de qualquer cinéfilo e a Fox tinha uma grande responsabilidade em mãos. A substituição de Terry Gilliam por David Fincher não estava nos planos, pois Giliam já era um diretor renomado e Fincher vinha do mundo dos videoclipes e nunca havia dirigido um longa-metragem.
O resultado final, lançado em 1992, é renegado tanto pelos fãs da saga Alien quanto pelo próprio David, já que sua versão original foi bastante editada (reduzida de 155 m para 114), várias cenas interessantes foram cortadas e o final alterado. Essa versão só foi vista muitos anos depois quando foi lançado em Blu-Ray e mesmo assim, poucos mudaram de opinião.
Eu já havia gostado do filme em sua época de lançamento por vários motivos. Com 15 anos de idade, meu senso crítico não era tão apurado quanto hoje - eu apenas queria ver um filme do Alien com a tenente Ripley e foi exatamente isso que pude conferir. Não criei nenhuma expectativa apesar de já conhecer os dois impecáveis filmes anteriores, informações e curiosidades a respeito dos filmes lançados eram pra poucos e o principal: consegui embarcar na história proposta, sem questionar nada. Fan Service não existia e o choro era livre.
Se o primeiro Alien conseguiu a façanha de unir num único longa, ficção científica, suspense, drama, ação e terror, e o segundo filme elevou essa mistura a máxima potência, o que ainda havia a ser mostrado num terceiro episódio da saga? Pra mim, qualquer coisa que viesse, era lucro. A história ainda não havia sido desenvolvida em sua plenitude e qualquer tentativa de enriquecer o universo do Xenomorphos era bem-vinda. A Fox, insatisfeita com algumas soluções apresentadas, levou aos cinemas uma versão que até hoje não foi perdoada, onde a nave da tenente Ripley (Sigourney Weaver, de cabeça raspada e um cachê de 5 milhões de dólares na conta), sofre uma pane e cai numa espécie de planeta-prisão, aonde existem apenas homens (atuações excelentes de Charles S. Dutton, Pete Postlethwaite, Charles Dance, Ralph Brown e Brian Glover) que se dividem entre estupradores e assassinos. O andróide Bishop (Lance Henriksen) se despedaçou durante a queda e a menina Newt (Carrie Henn) morreu afogada. Todo o esforço de Ripley para salvar a garota durante o segundo filme, foi em vão, e os únicos dois personagens sobreviventes de Aliens - O Resgate ficaram de fora, numa decisão arriscada e corajosa do roteiro.
É óbvio que dentro da nave havia um xenomorpho e que a qualquer momento a matança iria começar... e começa!
A história realmente não é das mais substanciosas, porém a maneira com que tudo é conduzido faz com que resultado final não seja esse desastre todo que foi alardeado. David Fincher traz sua estética de MTV mas não faz do fime um videoclipe colorido de duas horas de duração. Muito pelo contrário. Fincher carrega na tensão, o clima é sombrio o tempo todo, a fotografia e os cenários são claustrofóbicos dando a exata dimensão de isolamento do planeta e o alien, gerado num cão, possui características diferentes dos anteriores, com clara mistura de seu DNA com o do animal. Por já ter lidado com a criatura antes, Ripley rapidamente se empenha em destruí-lo, enquanto os outros personagens são devorados um a um. E pra que torcer por eles, se todos são criminosos altamente perigosos? Bom, o intuito não é criar empatia entre os condenados e o telespectador, e sim torcer pra que eles sejam úteis e auxiliem Ripley a acabar de uma vez por todas com o Alien. Os inventivos movimentos de câmera criados por Fincher, fazendo inclusive um incrível travelling de cabeça pra baixo pelos corredores da penitenciária, funcionam melhor do que o CGI de baixa qualidade. Difícil acreditar que o filme tenha conseguido uma indicação ao Oscar de Efeitos Especiais com um trabalho tão sofrível. Os efeitos práticos convencem e no dvd de extras que contém 3 horas de duração, é possível ver o quanto foi árduo o trabalho de toda a equipe. Enquanto em Star Wars os cenários eram pinturas que ficaram grandiosas na tela graças as trucagens de câmera, em Alien 3 o diretor de arte e o pessoal da carpintaria trabalhou muito. Os cenários foram feitos em tamanho real (exceto as externas do planeta) e várias réplicas do xenomorpho foram esculpidas até que chegasse ao resultado desejado. Também foi feita uma boneca da tenente Ripley em tamanho real e que foi bem utilizada em cena - eu mesmo não percebi quando.
O mais curioso é que mesmo com todos esses problemas, erros, acertos e a má aceitação do público e da crítica, Alien 3 possui uma cena que entrou definitivamente para história do cinema e foi essa que escolhi para ilustrar este post: Ripley é encurralada pelo Alien que se aproxima e não a ataca. O motivo, muito grave, é revelado depois e é determinante para a conclusão da história.
Passados quase 30 anos, Alien 3 ainda permanece como um bom capítulo da franquia que continuou a não agradar ao público e a crítica com seus controversos Alien - A Ressurreição (1997), Prometheus (2012) e Alien Covenant (2017). Eu gostei de todos e sempre vou defender.


Por :  Ítalo Morelli Júnior




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