No final dos anos 80, Tim Burton foi escolhido para dirigir o novo longa do herói e a Warner cogitou nomes de peso para interpretar o personagem, como Mel Gibson, Charlie Sheen e o diretor chegou a oferecer o papel para Ray Liotta, que recusou o personagem por acreditar que filmes desse gênero eram para atores “menos capacitados”. “Na época eu falei: ‘Você está brincando comigo? Eu sou um ATOR’. Contudo, isso mudou. Agora é uma coisa boa pois te ajuda a trabalhar em outros filmes”, afirmou durante o Festival de Savannah em 2012.
Então, o produtor Jon Peters sugeriu Keaton e o cineasta, que havia trabalhado com ele em Beetlejuice, começou a considerá-lo para o papel. Burton ainda não estava certo da ideia, mas havia gostado de sua química com o ator no outro longa e concordou em lhe dar o papel principal. Porém, não demorou muito para ele perceber que a escolha era muito mais arriscada do que parecia.
Conhecido mais por comédias, a decisão de escalar Keaton revoltou o público e imediatamente fãs e críticos caíram em cima do diretor pela escolha e diziam que a essência do Homem Morcego – que estava muito mais sombria nas HQs graças a histórias como Batman: Ano Um, de Frank Miller, e A Piada Mortal, de Alan Moore - seria perdida por conta da veia cômica do ator.
Como não haviam redes sociais na época, a Warner recebeu cerca de 50 mil cartas reclamando da escolha, explica o site CinemaBlend. Até mesmo Michael Uslan¸ que era produtor do longa, questionou a indicação de Keaton para o papel. “Ele é um comediante. Quero dizer, o que o pôster vai mostrar? Que o cara de ‘Profissão Doméstico’ é o Batman?”.
A pressão estava em cima do ator, que afirmou em 2011 para LA Times que essa foi uma das épocas mais solitárias de sua carreira. “Eu estava sozinho, o que acabou sendo bom para o personagem. Eu corria a noite em Londres só para ficar cansado o suficiente para dormir. Eu não falava com as pessoas”.
A pressão não diminuiu com o tempo, mas eventualmente ele teria de usar o traje do herói. E isso começou a mudar a recepção ao seu redor. Rapidamente, produtores começaram a dar entrevistas que o ator estava incrível como o Batman e começaram a passar confiança para que o ator desempenhasse seu trabalho. Porém, o público continuava incerto.
Em uma época sem internet, uma foto publicada em diversas revistas revelou o visual do Homem-Morcego e as pessoas ficaram encantadas com o visual. As dúvidas finalmente acabaram quando o longa estreou e os fãs adoraram a performance de Keaton, que reprisou o herói mais uma vez em Batman: O Retorno.
Sua jornada como o Cavaleiro das Trevas só chegou ao fim nos meados dos anos 90 por conta de divergências com o diretor Joel Schumacher, que assumiu a franquia e queria dar um tom mais leve ao herói. “Eu sabia que estava em apuros quando ele disse: ‘por que tudo precisa ser tão sombrio?’”. Com isso, ele acabou substituído por Val Kilmer em Batman: Eternamente e por George Clooney em Batman & Robin, longa que fez com que a franquia fosse paralisada até Christopher Nolan dar nova vida ao personagem no início dos anos 2000.
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Atualmente o ator, que completa 66 anos neste dia 05 de setembro, conta com o carinho dos fãs mais antigos, que ainda ligam seu nome ao do Homem-Morcego. Porém, ele precisou passar por muita provação e críticas para se tornar O Batman